Se você acha que a grama do vizinho é sempre mais verde, talvez seja porque sua gramínea não é o tipo ideal para o seu espaço. São várias as espécies disponíveis no mercado, cada qual com suas especificidades de espaço, luminosidade e tempo de poda.
Para explicar as características e manutenção dos tipos mais comuns de grama, a HAUS entrevistou a especialista em floricultura e paisagismo e professora do curso de Agronomia da Universidade Federal do Paraná, Daniela Carneiro, e Nadia Bentz, que trabalha há quase 30 anos com paisagismo.
ESMERALDA
Crescimento moderado, resistente ao pisoteio, tolera meia-sombra.
É a grama mais plantada do Brasil. Além ter o melhor custo-benefício do mercado, ela se adapta bem a diferentes tipos de climas e solos, sendo vendida de Norte a Sul do país. Um fator limitante, porém, é a necessidade de sol: como a maioria das gramíneas, precisa de uma boa luminosidade, apesar de tolerar pequenos períodos em meia-sombra. Tem folhas finas, coloração verde intermediária e crescimento moderado — nos meses de verão, requer cortes todos os meses.
É bastante indicada para campinhos de futebol, playgrounds ou áreas extensas no geral. Só fique atento caso haja canteiros por perto, pois esta espécie, tal como a grama japonesa ou coreana, são bastante invasoras. “Mesmo com delineador, elas passam fácil de 20 cm de profundidade. O ideal seria fazer uma contenção”, recomenda Nadia.
SÃO CARLOS
Crescimento lento, resistente ao pisoteio, tolera sombra.
Considerada a grama curitibana por excelência, a São Carlos é uma das poucas gramíneas bem adaptadas ao clima úmido, frio, além de tolerar sombra. É o tipo de gramado mais comum nos parques e praças da cidade, mas nem por isso merece menos atenção. Pelo contrário! Com crescimento lento e bem resistente a pisoteios, a manutenção é fácil e esparsa. “Ela cresce até 20 centímetros e depois não cresce mais”, ensina Daniela. Para que ela fique saudável, a poda deve ser realizada quando a grama estiver com dois ou três centímetros — mas como ela cresce lentamente, não é preciso se preocupar muito. Para completar, ela é barata e indicada especialmente para grandes áreas, formando gramados densos e bonitos.
SANTO AGOSTINHO
Crescimento rápido, resistente ao pisoteio, tolera meia-sombra.
“É a grama da praia. Ela tolera temperatura elevada e solo salino sem problemas”, aponta Daniela. A Santo Agostinho é resistente não apenas ao pisoteio, mas também a pragas, ervas-daninhas e doenças, além de se adaptar bem em solos mais pobres. Suas folhas são arredondadas e verdes-escuras, com largura e comprimento médios. Pode ser plantada a pleno sol ou meia-sombra, como debaixo da copa de árvores, sem perder o vigor. Apesar de não ficar muito alta, seu crescimento lateral é bastante acelerado. Ela é indicada, portanto, para grandes áreas, onde a grama pode se espalhar livremente.
GRAMA-AMENDOIM
Crescimento rápido, pouco resistente ao pisoteio, tolera meia-sombra.
A grama-amendoim não é uma gramínea, como sugere o nome, mas sim uma forração de um verde mais escuro e folhas arredondadas, conhecida por suas pequenas flores amarelas. A floração acontece várias vezes ao ano, com mais frequência caso plantada em pleno sol. O ideal é que ela seja cortada duas vezes ao ano, quanto a planta atingir uma altura indesejada ou quando estiver com as folhas pouco vigorosas. A dica da paisagista Nadia é que ela não seja cortada antes do inverno, para protegê-la. “Em dois meses ela já estará fechada novamente”, indica.
COREANA OU JAPONESA
Crescimento lento, pouco resistente ao pisoteio, precisa de pleno sol.
Se você quer um gramado denso e macio, como um tapete felpudo, esta é a grama ideal. Também conhecido como gramado veludo, é um dos tipos utilizados em campos de golfe, mas pode contribuir com o paisagismo de espaços residenciais e comerciais desde que não esteja em áreas de pisoteio intenso. Este gramado exige corte de duas a quatro vezes por ano. A pouca frequência pede atenção redobrada para não deixá-la muito alta. “O problema é que, quando você for cortar, a grama que estava verde vai parecer morta. A raiz, que estava na sombra, fica totalmente seca”, explica Nádia, reforçando que esta grama não pode ir em sombra nem meia-sombra: precisa de muito sol. Ela é muito usada para jardins de estilo oriental, como sugere o nome, e também para composições com pedras no geral.
GRAMA-PRETA
Crescimento lento, pouco resistente ao pisoteio, tolera sombra.
Apesar de não ser uma gramínea, foi batizada de “grama” pela vontade popular. Ornamental, é ideal para canteiros, bordaduras, ladear caminhos de pedra, madeira ou ainda para criar manchas verde-escuras em projetos paisagísticos. É mais decorativa, então não deve estar em locais nos quais pode sofrer pisoteios frequentes. A grama-preta é uma planta-coringa: pode ser plantada no sol ou na sombra, demora anos para demandar corte, cobre áreas grandes ou pequenas. Mas a versatilidade tem seu preço — a grama-preta é uma das mais caras do mercado. “Usa-se de 12 a 14 caixas de grama-preta por metro quadrado e ela custa cerca de R$ 12. Então nós estamos falando de R$ 150 o metro quadrado”, diz Nádia.
4 dicas para uma grama sempre verde
Confira algumas dicas da agrônoma especialista em floricultura e paisagismo, Daniela Carneiro, para manter seu gramado saudável e bonito:
Hora certa de regar
Evite regar o gramado no fim da tarde ou à noite. Isso faz com que a água demore mais tempo para evaporar, criando um espaço fecundo para a proliferação de fungos.
Gramado amarelo
As manchas amarelas ou amarronzadas que aparecem no gramado podem indicar dois problemas: déficit nutricional ou alguma doença, principalmente a rhizoctonia. Para identificá-los, preste atenção na quantidade das manchas. No caso de déficit nutricional, as manchas são isoladas, não se multiplicam. No caso da presença de fungos, as manchas amarelas irão se multiplicar.
Lugar ao sol
Apesar de algumas gramíneas serem tolerantes à sombra e meia-sombra, é importante frisar que todas podem, e preferem, ser plantadas ao sol.
“Não pise na grama”
Para a especialista, as placas que limitam o pisoteio da grama apontam para um problema de planejamento. Toda grama tolera, e precisa, de certo nível de pisoteio, pois isso ajuda a fixar suas raízes no solo. “Gramados mal instalados ou mal planejados são colocados em locais que deveriam ser caminhos de cimento, de madeira. Temos que pensar no usuário do lugar”, alerta.